Este Blog é voltado especialmente para a formação dos Servidores do Altar da Paróquia da SS. Trindade da Arquidiocese de Belém, bem como para todos aqueles que amam a Santa Madre Igreja Católica e sua Sacratíssima Liturgia.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Palavra de Sua Santidade - Homilia da Quarta-Feira de Cinzas

SANTA MISSA, BÊNÇÃO E IMPOSIÇÃO DAS CINZAS

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI

Basília de Santa Sabina Quarta-feira de Cinzas, 17 de Fevereiro de 2010

"Tendes compaixão de todos, Senhor...
Não aborreceis nada do que fizestes...
não olhais para os pecados dos homens a fim de os trazer à penitência...
Mas perdoais a todos, porque todos são vossos,
ó Senhor nosso Deus" (Antífona da entrada).

Venerados Irmãos no Episcopado
Queridos irmãos e irmãs

Com esta comovedora invocação, tirada do Livro da Sabedoria (cf. 11, 23-26), a liturgia introduz a celebração eucarística da Quarta-Feira de Cinzas. São palavras que, de certa forma, abrem todo o itinerário quaresmal, pondo como seu fundamento a omnipotência do amor de Deus, o seu absoluto senhorio sobre todas as criaturas, que se traduz em indulgência infinita, animada por constante e universal vontade de vida. De facto, perdoar alguém equivale a dizer-lhe: não quero que tu morras, mas que vivas; desejo sempre e só o teu bem.

Esta certeza absoluta apoiou Jesus durante os quarenta dias transcorridos no deserto da Judeia, depois do baptismo recebido de João no Jordão. Aquele longo tempo de silêncio e de jejum foi para Ele um abandonar-se completamente ao Pai e ao seu desígnio de amor; foi ele mesmo um "baptismo", isto é, uma "imersão" na sua vontade, e neste sentido uma antecipação da Paixão e da Cruz. Adentrar-se no deserto e permanecer nele por muito tempo, sozinho, significava expor-se voluntariamente aos assaltos do inimigo, o tentador que fez cair Adão e por cuja inveja a morte entrou no mundo (cf. Sb 2, 24); significava travar com ele a batalha em campo aberto, desafiá-lo sem outras armas a não ser a confiança ilimitada no amor omnipotente do Pai. Basta-me o teu amor, alimento-me com a tua vontade (cf. Jo 4, 34): esta convicção habitava na mente e no coração de Jesus durante aquela sua "quaresma". Não foi um acto de orgulho, um empreendimento titânico, mas uma escolha de humildade, coerente com a Encarnação e com o baptismo no Jordão, em continuidade com a obediência ao amor misericordioso do Pai, que "amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único" (Jo 3, 16).

O Senhor Jesus fez tudo isto por nós. Fê-lo para nos salvar, e ao mesmo tempo para nos mostrar o caminho para o seguir. De facto, a salvação é dom, é graça de Deus, mas para fazer efeito na minha existência exige o meu consentimento, um acolhimento demonstrado nos factos, ou seja, na vontade de viver como Jesus, de caminhar atrás d'Ele. Seguir Jesus no deserto quaresmal é por conseguinte condição necessária para participar na sua Páscoa, no seu "êxodo". Adão foi afastado do Paraíso terrestre, símbolo da comunhão com Deus; agora, para voltar a esta comunhão e portanto à verdadeira vida, a vida eterna, é preciso atravessar o deserto, a prova da fé. Não sozinhos, mas com Jesus! Ele – como sempre – precedeu-nos e já venceu o combate contra o espírito do mal. Eis o sentido da Quaresma, tempo litúrgico que todos os anos nos convida a renovar a opção de seguir Cristo pelo caminho da humildade para participar na sua vitória sobre o pecado e sobre a morte.

Nesta perspectiva, compreende-se também o sinal penitencial das Cinzas, que são impostas sobre a cabeça de quantos iniciam com boa vontade o itinerário quaresmal. Essencialmente é um gesto de humildade, que significa: reconheço-me por aquilo que sou, uma criatura frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e destinada a Ele. Pó, sim, mas amado, plasmado pelo seu amor, animado pelo seu sopro vital, capaz de reconhecer a sua voz e de lhe responder; livre e, por isto, também capaz de lhe desobedecer, cedendo à tentação do orgulho e da auto-suficiência. Eis o pecado, doença mortal que muito depressa começou a poluir a terra abençoada que é o ser humano. Criado à imagem do Santo e do Justo, o homem perdeu a própria inocência e agora só pode voltar a ser justo graças à justiça de Deus, a justiça do amor que – como escreve São Paulo – "se manifesta por meio da fé em Cristo" (Rm 3, 22). Inspirei-me nestas palavras do Apóstolo para a minha Mensagem, dirigida a todos os fiéis por ocasião desta Quaresma: uma reflexão sobre o tema da justiça à luz das Sagradas Escrituras e do seu cumprimento em Cristo.

Também nas leituras bíblicas da Quarta-Feira de Cinzas está muito presente o tema da justiça. Em primeiro lugar, a página do profeta Joel e o Salmo responsorial – o Miserere – formam um díptico penitencial, que evidencia como na origem de cada injustiça material e social existe aquilo que a Bíblia denomina "iniquidade", ou seja o pecado, que consiste fundamentalmente numa desobediência a Deus, quer dizer, numa falta de amor. "Reconheço – confessa o Salmista – de verdade as minhas culpas / o meu pecado está sempre diante de mim. / Contra Vós apenas é que eu pequei / pratiquei o mal perante os vossos olhos" (Sl 50 [51] 5-6). Portanto, o primeiro acto de justiça consiste em reconhecer a própria iniquidade e admitir que ela está arraigada no "coração", no próprio cerne da pessoa humana. Os "jejuns", os "prantos" e as "lamentações" (cf. Jl 2, 12) e cada expressão penitencial tem valor aos olhos de Deus, só se for sinal de corações sinceramente arrependidos. Também o Evangelho, tirado do "sermão da montanha", insiste sobre a exigência de praticar a própria "justiça" – esmola, oração e jejum – não diante dos homens, mas unicamente aos olhos de Deus, que "vê o segredo" (cf. Mt 6, 1-6.16-18). A verdadeira "recompensa" não é a admiração dos outros, mas a amizade com Deus e a graça que dela deriva, uma graça que confere paz e força de realizar o bem, de amar até quem não merece, de perdoar quem nos ofendeu.

A segunda leitura, o apelo de Paulo a deixar-se reconciliar com Deus (cf. 2 Cor 5, 20), contém um dos célebres paradoxos paulinos, que remete toda a reflexão sobre a justiça ao mistério de Cristo. São Paulo escreve: "Aquele que não havia conhecido o pecado – ou seja, o seu Filho que se fez homem – Deus O fez pecado por nós, para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2 Cor 5, 21). No Coração de Cristo, isto é, no âmago da sua Pessoa divino-humana, desenrolou-se de maneira decisiva e definitiva todo o drama da liberdade. Deus levou às extremas consequências o seu desígnio de salvação, permanecendo fiel ao seu amor, mesmo à custa de entregar o seu Filho unigénito à morte, e morte de Cruz. Como escrevi na Mensagem quaresmal, "é aqui que se descerra a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana... Graças à acção de Cristo, podemos entrar na justiça "maior", que é a do amor (cf. Rm 13, 8-10)".

Estimados irmãos e irmãs, a Quaresma amplia o nosso horizonte, orienta-nos para a vida eterna. Estamos em peregrinação nesta terra, "não temos aqui uma cidade permanente, mas vamos em busca da futura" (Hb 13, 14). A Quaresma faz compreender a relatividade dos bens desta terra e assim torna-nos capazes de fazer as renúncias necessárias, livres para realizar o bem. Abramos a terra à luz do Céu, à presença de Deus no meio de nós.
Amém!
Fonte: Site da Santa Sé

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

INTRODUÇÃO AO ESPÍRITO DA LITURGIA
Cidade do Vaticano, 6 de janeiro de 2010
Uma Conferência para o Ano Sacerdotal
por Mons. Guido Marini,
Mestre de Cerimônias das Celebrações Litúrgicas do Papa

Tradução: Fabiano Rollim

Proponho focar em alguns aspectos ligados ao espírito da liturgia e refletir sobre eles convosco; na verdade, pretendo abordar um aspecto que vai exigir bastante de mim. Não apenas porque é uma tarefa exigente e complexa falar sobre o espírito da liturgia, mas também porque muitas obras importantes sobre este assunto já foram escritas por autores de alto calibre inquestionável em teologia e liturgia. Penso em duas pessoas em particular dentre muitos: Romano Guardini e o Cardeal Joseph Ratzinger.

Por outro lado, atualmente é mais do que necessário falar sobre o espírito da liturgia, especialmente para nós membros do sacerdócio sagrado. Mais ainda, há uma necessidade urgente de reafirmar o “autêntico” espírito da liturgia, tal como está presente na tradição ininterrupta da Igreja e atestado, em continuidade com o passado, nos ensinamentos mais recentes do Magistério: desde o Concílio Vaticano II até o presente pontificado. Uso a propósito a palavra “continuidade”, uma palavra muito querida pelo nosso atual Santo Padre. Ele tem feito desta palavra o único critério fidedigno pelo qual alguém pode interpretar corretamente a vida da Igreja, e mais especificamente, os documentos conciliares, incluindo todas as reformas propostas contidas ali. E como poderia ser diferente? Poderia alguém falar de uma Igreja do passado e de uma Igreja do futuro como se alguma ruptura histórica no corpo da Igreja tivesse ocorrido? Poderia alguém dizer que a Esposa de Cristo viveu sem a assistência do Espírito Santo em algum período particular do passado, de maneira que sua memória devesse ser apagada, esquecida propositalmente?

Mesmo assim parece às vezes que alguns indivíduos são verdadeiramente partidários de certa forma de pensar que pode se definir justa e propriamente como uma ideologia, ou melhor, uma noção preconcebida aplicada à história da Igreja que não tem nada a ver com a verdadeira fé.

Um exemplo do fruto produzido por essa ideologia enganadora é a distinção recorrente entre a Igreja pré-conciliar e a pós-conciliar. Tal maneira de falar pode ser legítima, mas apenas na condição de que não se entenda com isso duas Igrejas: uma pré-conciliar, que não tem mais nada a dizer ou a dar porque está ultrapassada, e uma segunda, a Igreja pós-conciliar, uma nova realidade nascida do Concílio e, por seu presumido espírito, sem continuidade com o seu passado. Esta maneira de falar e ainda mais, de pensar, não deve ser a nossa. Além de estar incorreta, já está superada e é antiquada, talvez sendo compreensível de um ponto de vista histórico, mas conectada a um período da vida da Igreja agora já concluído.

O que discutimos até agora com respeito a “continuidade” tem alguma coisa a ver com o assunto que nos foi pedido tratar nesta palestra? Sim, completamente. O autêntico espírito da liturgia não habita onde não é abordado com serenidade, deixando de lado todas as polêmicas com respeito ao passado recente ou remoto. A liturgia não pode e não deve ser uma ocasião de conflito entre aqueles que acham bom só o que veio antes de nós e aqueles que, pelo contrário, quase sempre acham ruim o que veio antes. A única atitude que nos permite ater-nos ao autêntico espírito da liturgia, com alegria e apreciação espiritual verdadeira, é considerar a liturgia do presente e do passado da Igreja como o mesmo patrimônio em contínuo desenvolvimento. Em consequência, trata-se de um espírito que temos que receber da Igreja e que não é fruto de nossa própria fabricação. Um espírito, posso acrescentar, que leva ao que é essencial na liturgia, ou, mais precisamente, à oração inspirada e guiada pelo Espírito Santo, em quem Cristo continua a se tornar presente para nós hoje, a emergir em nossas vidas. Na verdade, o espírito da liturgia é a liturgia do Espírito Santo.

Não tenho aqui a pretensão de abordar com profundidade o assunto proposto, nem de tratar todos os diferentes aspectos necessários para um entendimento panorâmico e completo da questão. Limitar-me-ei a discutir apenas uns poucos elementos essenciais à liturgia, especificamente com referência à celebração da Eucaristia, tal como a Igreja os propõe, e da forma como tenho aprendido a aprofundar meu conhecimento a respeito deles nestes dois últimos anos a serviço de nosso Santo Padre, Bento XVI. Ele é um autêntico mestre do espírito da liturgia, seja pelos seus ensinamentos, seja pelo exemplo que dá na celebração dos ritos sagrados.

Se, durante o curso destas reflexões sobre a essência da liturgia, eu apontar certos comportamentos que não considero em completa harmonia com o autêntico espírito da liturgia, farei isso apenas como uma pequena contribuição para fazer este espírito aparecer sempre mais em sua beleza e verdade.

1. A Sagrada Liturgia, um grande dom de Deus para a Igreja.

Estamos todos bem cientes de como o Concílio Vaticano II dedicou inteiramente seu primeiro documento à liturgia. Trata-se da Sacrosanctum Concilium, também chamada de Constituição sobre a Sagrada Liturgia.

Quero sublinhar o termo “sagrado” em sua aplicação à liturgia, devido a sua importância. Na verdade, os Padres conciliares pretenderam desta forma reforçar o caráter sagrado da liturgia.

O que, então, queremos dizer por sagrada liturgia? Os Orientais falariam, neste caso, da dimensão divina na Liturgia, ou, para ser mais preciso, daquela dimensão que não é deixada ao arbítrio do homem, porque é um dom que vem do alto. Refere-se, em outras palavras, ao mistério da salvação em Cristo, confiado à Igreja de maneira a torná-lo disponível em cada momento e em cada lugar por meio da natureza objetiva dos ritos litúrgicos e sacramentais. Esta é uma realidade que nos ultrapassa, que deve ser recebida como um dom, e que deve poder nos transformar. O Concílio Vaticano II afirma: “...cada celebração litúrgica, porque é uma ação de Cristo sacerdote e de Seu Corpo que é a Igreja, é uma ação sagrada que ultrapassa todas as outras...” (Sacrosanctum Concilium, n.7).

Desta perspectiva não é difícil se dar conta de quão distantes algumas formas de conduta estão do autêntico espírito da liturgia. De fato, alguns indivíduos têm conseguido subverter a liturgia da Igreja de várias maneiras sob o pretexto de uma má entendida criatividade. Isso tem sido feito em nome do princípio de adaptar-se à situação local e às necessidades da comunidade, apropriando-se do direito de remover, adicionar ou modificar o rito litúrgico com fins subjetivos e emocionais. Nós sacerdotes somos grandemente responsáveis por isso.

Por esta razão, já em 2001, o então Cardeal Ratzinger afirmava: “Há necessidade, ao menos , de uma nova conscientização litúrgica que possa por um fim à tendência de tratar a liturgia como se fosse um objeto aberto à manipulação. Chegamos a um ponto onde equipes litúrgicas montam a liturgia do Domingo por sua própria conta. O resultado é certamente o produto imaginativo de uma equipe de indivíduos capazes e habilidosos. Mas desta forma se reduz o espaço onde se pode encontrar o “totalmente outro”, no qual aquele que é santo se oferece a Si mesmo como dom; aquilo com que me encontro é apenas a habilidade de um grupo de pessoas. É aí que nos damos conta de que estamos procurando por algo mais. O que temos é muito pequeno e, ao mesmo tempo, diferente. O mais importante hoje é adquirir um novo respeito pela liturgia, e estar consciente de que ela não está aberta à manipulação. Aprender novamente a reconhecer em sua natureza uma criação viva que cresce e que nos foi dada como dom, através do qual participamos da liturgia celeste. Renunciar a procurar nela a nossa própria auto-realização para que possamos vê-la como um presente. Isto, creio eu, é de primária importância: vencer a tentação de um comportamento despótico, que concebe a liturgia como um objeto, propriedade do homem, e despertar de novo o sentido interior do sagrado.” (do livro “God and the World”).

Afirmar, desta forma, que a liturgia é sagrada pressupõe o fato de a liturgia não estar sujeita a modificações esporádicas e invenções arbitrárias de um indivíduo ou de um grupo. A liturgia não é um círculo fechado no qual decidimos nos encontrar, talvez para encorajarmos uns aos outros, para sentir que somos protagonistas de alguma festa. A liturgia é a convocação de Deus para que o seu povo esteja em Sua presença; é o advento de Deus entre nós; é Deus que nos encontra neste mundo.

Certas adaptações a situações locais particulares são previstas e devidas. O próprio Missal indica onde adaptações podem ser feitas em algumas de suas seções, ainda que somente nessas e não arbitrariamente em outras. A razão para isto é importante e é bom reafirmá-la: a liturgia é um dom que nos precede, um tesouro precioso que nos foi entregue pela antiga oração da Igreja, o lugar no qual a fé encontrou no tempo sua forma e expressão orante. Ela não está à disposição de nossa subjetividade. Está indisponível à nossa subjetividade para estar integralmente à disposição de todos, ontem, assim como hoje e também amanhã. “Atualmente também,” escreveu o Papa João Paulo II em sua carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, “deveria ser redescoberta e valorizada a obediência às normas litúrgicas como reflexo e testemunho da Igreja, una e universal, que se torna presente em cada celebração da Eucaristia.” (n.52)

Na brilhante Encíclica Mediator Dei, que é tão frequentemente citada na Constituição sobre a Sagrada Liturgia, o Papa Pio XII define a liturgia como “...o culto público... o culto integral do corpo místico de Jesus Cristo, ou seja, da cabeça e de seus membros.” (n. 20) Como para dizer, entre outras coisas, que na liturgia, a Igreja oficialmente se identifica no mistério de sua união com Cristo como esposa, e onde ela oficialmente revela a si mesma. Com que insana inconsequência podemos reclamar para nós mesmos o direito de mudar de maneira subjetiva os santos sinais que o tempo depurou, através dos quais a Igreja fala de si mesma, de sua identidade e de sua fé?

O povo de Deus tem um direito que não pode ser ignorado nunca, em virtude do qual a todos se deve permitir aproximarem-se do que não é meramente o pobre fruto do esforço humano, mas a obra de Deus, e precisamente porque é a obra de Deus, é uma fonte de salvação e de vida nova.

Quero prolongar minha reflexão um pouco mais sobre este ponto, o qual, posso testemunhar, é muito caro ao Santo Padre, partilhando convosco uma passagem da Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, de Sua Santidade o Papa Bento XVI, escrita após o Sínodo sobre a Sagrada Eucaristia. “Ao ressaltar a importância da arte da celebração,” o Santo Padre escreve, “põe-se em evidência o valor das normas litúrgicas... A celebração eucarística é frutuosa quando os sacerdotes e os responsáveis da pastoral litúrgica se esforçam por dar a conhecer os livros litúrgicos em vigor e as respectivas normas... Talvez se dê por adquirido, nas comunidades eclesiais, o seu conhecimento e devido apreço, mas freqüentemente não é assim; na realidade, trata-se de textos onde estão contidas riquezas que guardam e exprimem a fé e o caminho do povo de Deus ao longo dos dois milênios da sua história.” (n.40)

2. A orientação da oração litúrgica.

No meio de tantas mudanças que caracterizaram, durante o curso do tempo, a arquitetura das igrejas e os lugares onde a liturgia acontece, uma convicção sempre permaneceu clara dentro da comunidade cristã, quase até o presente dia. Refiro-me à oração voltada para o oriente, uma tradição que remonta às origens do Cristianismo.

O que se entende por “oração voltada para o oriente”? Refere-se à orientação do coração orante em direção a Cristo, de quem a salvação vem, e para quem se dirige tanto no começo como no fim da história. O sol nasce no leste, e o sol é um símbolo de Cristo, a luz que nasce no Oriente. A passagem messiânica do cântico Benedictus vem prontamente à mente: “Pela bondade e compaixão de nosso Deus, o Sol nascente nos veio visitar”.

Estudos recentes e muito confiáveis provaram efetivamente que, em cada época de seu passado, a comunidade cristã soube encontrar a forma de expressar nos sinais litúrgicos, externos e visíveis, esta orientação fundamental para a vida da fé. É por isso que encontramos igrejas construídas de tal maneira que a abside[1] é voltada para o oriente. Onde tal orientação do espaço sagrado não era possível, a Igreja recorria ao uso do Crucifixo colocado sobre o altar, no qual todos podiam focar a atenção. Com o mesmo propósito muitas absides eram decoradas com representações resplandecentes do Senhor. Todos eram convidados a contemplar essas imagens durante a celebração da liturgia eucarística.

Sem precisar recorrer a uma análise histórica detalhada de desenvolvimento da arte cristã, gostaríamos de reafirmar que a oração voltada para o oriente, mais especificamente, voltada para o Senhor, é uma expressão característica do autêntico espírito da liturgia. É neste sentido que somos convidados a voltar nossos corações para o Senhor durante a celebração da liturgia eucarística, como o diálogo introdutório do Prefácio bem nos recorda. Sursum corda “Corações ao alto”, exorta o sacerdote, e todos respondem: Habemus ad Dominum “O nosso coração está em Deus.” Ora, se tal orientação deve ser sempre adotada interiormente pela comunidade cristã inteira quando reunida em oração, deveria ser possível encontrar esta orientação expressa externamente também através de sinais. O sinal externo, além disso, não poderá ser verdadeiro, a não ser que através dele a atitude espiritual correta se torne visível.

Esta é a razão para a proposta feita pelo então Cardeal Ratzinger, e reafirmada agora durante o curso de seu pontificado, de colocar o Crucifixo no centro do altar, de tal modo que todos, durante a celebração da liturgia, possam concretamente se voltar e olhar para o Senhor, e assim orientar também suas orações e corações. Escutemos diretamente as palavras de Sua Santidade, Bento XVI, que no prefácio do primeiro volume de suas “Obras Completas”, dedicado à liturgia, escreve o seguinte: “A idéia de que o sacerdote e o povo devem ficar de frente um para o outro durante a oração nasceu apenas no cristianismo moderno, e é completamente alheia à Igreja antiga. O sacerdote e o povo certamente não rezam um para o outro, mas para o único Senhor. Logo, eles olham para a mesma direção durante a oração: seja para o oriente como um símbolo cósmico do Senhor que vem, ou, onde isto não é possível, para a imagem de Cristo na abside, para um crucifixo, ou simplesmente para os céus, como Nosso Senhor mesmo fez em sua oração sacerdotal na noite anterior à Sua Paixão (Jo 17,1). Vemos que a proposta feita por mim no final do capítulo que trata desta questão no meu livro “O Espírito da Liturgia” está felizmente se tornando mais e mais comum: em vez de realizar transformações mais profundas, simplesmente colocar o crucifixo no centro do altar, ao qual tanto o sacerdote quanto o povo possam se voltar e ser levados desta forma em direção ao Senhor, a quem todos se dirigem juntos na oração.”

Que não se diga, portanto, que a imagem de nosso Senhor crucificado obstrui a visão que os fiéis têm do sacerdote, porque eles não estão ali para olhar para o celebrante naquele ponto da liturgia! Eles estão ali para voltar seus olhares para o Senhor! Da mesma maneira, o presidente da celebração também deve ser capaz de se voltar na direção do Senhor. O crucifixo não obstrui nossa visão; em vez disso ele expande nosso horizonte para ver o mundo de Deus; o crucifixo nos leva a meditar no mistério; nos introduz no céu de onde vem a única luz capaz de dar sentido à vida nesta terra. Nossa visão, na verdade, estaria cega e obstruída se nossos olhos permanecessem fixos naquelas coisas que mostram apenas o homem e suas obras.

Desta forma pode-se entender porque hoje ainda é possível celebrar a Santa Missa nos altares antigos, quando as características arquitetônicas e artísticas de nossas igrejas assim o permitirem. Também nisto, o Santo Padre nos dá um exemplo quando celebra a sagrada eucaristia no antigo altar na Capela Sistina na festa do Batismo do Senhor.

Em nosso tempo, a expressão “celebração voltada para o povo” entrou no vocabulário comum. Se a intenção ao usar esta expressão é descrever a localização do sacerdote que, nos dias de hoje frequentemente se encontra voltado para a assembléia devido à posição do altar, tal expressão é aceitável. Todavia, tal expressão seria categoricamente inaceitável a partir do momento em que viesse a expressar uma proposição teológica. Teologicamente falando, a Santa Missa, na realidade, é sempre dirigida a Deus por Cristo Senhor, e seria um grave erro imaginar que a orientação principal da ação sacrifical é a comunidade. Logo, tal orientação, de se voltar em direção ao Senhor, tem que animar a participação interior de cada indivíduo durante a liturgia. É igualmente importante que esta orientação seja bem visível como sinal litúrgico também.

3. Adoração e união com Deus.

A adoração é o reconhecimento cheio de admiração, e poderíamos mesmo dizer com êxtase (porque nos faz sair de nós mesmos e de nosso mundo pequeno), o reconhecimento do poder infinito de Deus, de sua majestade incompreensível e de Seu amor sem limites que nos é oferecido com absoluta gratuidade, de Seu Senhorio onipotente e providente. Consequentemente, a adoração leva à reunificação do homem e da criação com Deus, ao abandono do estado de separação, de aparente autonomia, à perda de si mesmo, que é, além do mais, a única maneira de ganhar a si mesmo.

Diante da inefável beleza da caridade de Deus, que toma forma no mistério da Encarnação do Verbo, que por nós morreu e ressuscitou, e que encontra sua manifestação sacramental na liturgia, não nos resta mais nada a não ser estar em adoração. O Papa João Paulo II afirma na carta Ecclesia de Eucharistia: “Há, no evento pascal e na Eucaristia que o atualiza ao longo dos séculos, uma capacidade realmente imensa, na qual está contida a história inteira, enquanto destinatária da graça da redenção. Este enlevo deve invadir sempre a assembléia eclesial reunida para a celebração eucarística.” (n.5)

“Meu Senhor e meu Deus,” fomos ensinados a dizer desde a infância no momento da consagração. Desta maneira, tomando emprestadas as palavras do apóstolo São Tomé, somos levados a adorar o Senhor, feito presente e vivo nas espécies da sagrada eucaristia, unindo-nos a Ele e reconhecendo-O como nosso tudo. Dali torna-se possível prosseguir nosso caminho diário, tendo encontrado a ordem correta da vida, o critério fundamental pelo qual viver e morrer.

Aqui está a razão pela qual tudo no ato litúrgico, através da nobreza, da beleza, e da harmonia dos sinais exteriores, tem que conduzir à adoração, à união com Deus: isto inclui a música, o canto, os períodos de silêncio, a maneira de proclamar a Palavra do Senhor, a maneira de rezar, os gestos empregados, as vestes litúrgicas os vasos sagrados e outros acessórios, assim como o edifício sagrado em sua totalidade. É sob esta perspectiva que a decisão de Sua Santidade, o Papa Bento XVI, deve ser entendida, que, começando a partir da festa de Corpus Christi do ano passado, começou a distribuir a Sagrada Comunhão aos fiéis ajoelhados e diretamente na língua. Pelo exemplo dessa conduta, o Santo Padre nos convida a tornar visível a atitude própria de adoração diante da grandeza do mistério da presença eucarística de Nosso Senhor. Uma atitude de adoração que tem que ser promovida tanto mais ao se aproximar da santíssima Eucaristia das outras formas permitidas nos dias de hoje[2].

Gostaria de citar mais uma vez outra passagem da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis: “Quando a reforma dava os primeiros passos, aconteceu às vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga, por exemplo, partia da idéia que o pão eucarístico nos fora dado não para ser contemplado, mas comido. Ora, tal contraposição, vista à luz da experiência de oração da Igreja, aparece realmente destituída de qualquer fundamento; já Santo Agostinho dissera: ‘Nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; [...] peccemus non adorando – ninguém come essa carne, sem antes a adorar; [...] pecaríamos se não a adorássemos’ De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração daquele que comungamos. Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste.” (n. 66)

Creio que, entre outras, a seguinte passagem do texto que acabei de ler não deve passar desapercebida: “[A celebração eucarística] é, em si mesma, o maior ato de adoração da Igreja.” Graças à sagrada eucaristia, Sua Santidade, Bento XVI, nos diz mais uma vez: “A imagem do matrimônio entre Deus e Israel torna-se realidade de um modo anteriormente inconcebível: o que era um estar na presença de Deus torna-se agora, por meio da participação na doação de Jesus, comunhão em seu corpo e sangue, torna-se união.” (Deus Caritas Est, n.13) Por esta razão, tudo na liturgia, e mais especificamente na liturgia eucarística, tem que levar à adoração; tudo no desenrolar do rito tem que ajudar a se entrar na adoração da Igreja ao seu Senhor.

Considerar a liturgia como local de adoração, para unir-se com Deus, não significa perder de vista a dimensão comunitária da celebração litúrgica, muito menos esquecer o imperativo da caridade em relação ao próximo. Pelo contrário, somente através de uma renovação da adoração a Deus em Cristo, que toma forma no ato litúrgico, nascerá uma autêntica comunhão fraterna e uma nova história de caridade e amor, sustentada por aquela capacidade de maravilhar-se e de agir heroicamente, que somente a graça de Deus pode dar aos nossos pobres corações. As vidas dos santos nos recordam e nos ensinam isso. “A união com Cristo é, ao mesmo tempo, união com todos os outros aos quais Ele Se entrega. Eu não posso ter Cristo só para mim; posso pertencer-Lhe somente unido a todos aqueles que se tornaram ou que se tornarão Seus. A comunhão tira-me para fora de mim mesmo, projetando-me para Ele e, desse modo, também para a união com todos os cristãos.” (Deus Caritas Est, n.14)

4. A Participação Ativa.

Foram realmente os santos que celebraram e viveram o ato litúrgico participando ativamente. A santidade, como resultado de suas vidas, é o testemunho mais bonito de uma participação verdadeiramente ativa na liturgia da Igreja.

Justamente, então, e por providência divina, o Concílio Vaticano II insistiu tanto na necessidade de promover uma autêntica participação da parte dos fiéis durante a celebração dos sagrados mistérios, ao mesmo tempo em que lembrava à Igreja do chamado universal à santidade. Essa instrução exigente do concílio tem sido confirmada e proposta mais e mais por tantos documentos sucessivos do magistério até o presente dia.

Apesar disso, nem sempre tem havido um entendimento correto do conceito de “participação ativa”, de acordo com aquilo que a Igreja ensina e exorta os fiéis a viver. Na verdade, há participação ativa quando, durante o curso da celebração litúrgica, cada um cumpre seu próprio papel; também há participação ativa quando se tem uma melhor compreensão da palavra de Deus quando a mesma é ouvida ou das orações quando as mesmas são ditas; também há participação ativa quando se une a própria voz às demais vozes no canto... Tudo isso, entretanto, não significaria uma participação verdadeiramente ativa se não levasse à adoração do mistério de salvação em Cristo Jesus, que por nossa causa morreu e ressuscitou. Isto porque só aquele que adora o mistério, recebendo-o de bom grado em sua vida, demonstra ter compreendido o que está sendo celebrado, e então está verdadeiramente participando da graça do ato litúrgico.

Como confirmação e respaldo para o que acaba de ser dito, ouçamos novamente as palavras de uma passagem do então Cardeal Ratzinger, do seu estudo fundamental “Introdução ao Espírito da Liturgia”: “Mas em que consiste esta participação ativa? O que se faz aí? Infelizmente, o sentido dessa palavra facilmente leva a equívocos, pensando-se que se trata de um ato geral e apenas exterior, como se todos tivessem de – quanto mais possível tanto melhor – ver-se em ação. Contudo, a palavra ‘participação’ (ou ‘ter participação’) remete para uma participação principal, na qual todos devem participar... Nas fontes, entende-se sob actio da Liturgia a oração eucarística. A verdadeira ação litúrgica, o verdadeiro ato litúrgico, é a oratio... Essa oratio – a oração eucarística, o ‘Cânone’ – é certamente mais do que uma alocução, ela é actio no sentido mais elevado do termo.” (edição portuguesa, pp.127-8) Cristo é feito presente em toda a sua obra salvífica, e por esta razão a actio humana se torna secundária e cede espaço à actio divina, à obra de Deus.

Logo, a verdadeira ação que é executada na liturgia é a ação do próprio Deus, sua obra de salvação em Cristo, da qual participamos. Esta é, entre outras coisas, a verdadeira novidade da liturgia cristã em relação a todos os outros atos de culto: o próprio Deus age e realiza o que é essencial, enquanto o homem é chamado a abrir-se à atividade de Deus, a deixar-se transformar. Consequentemente, o aspecto essencial da participação ativa é superar a diferença entre a ação de Deus e nossa própria ação, de forma a que possamos ser um com Cristo. Por isso eu poderia enfatizar o que foi dito até agora: não é possível participar sem adoração. Escutemos outra passagem da Sacrosanctum Concilium: “É por isso que a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como estranhos ou espectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente, por meio duma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos pela palavra de Deus; alimentem-se à mesa do Corpo do Senhor; dêem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si mesmos, ao oferecer juntamente com o sacerdote, que não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos.” (n. 48)

Comparado com isso, tudo o mais é secundário. Estou me referindo em particular às ações externas, lembrando que as mesmas são importantes e necessárias, e previstas sobretudo durante a Liturgia da Palavra. Menciono as ações externas porque, caso se tornem a preocupação essencial, a liturgia será reduzida a um ato genérico, e neste caso o autêntico espírito da liturgia não terá sido compreendido. Segue-se que uma autêntica educação para a liturgia não pode consistir em simplesmente aprender e praticar ações exteriores, mas em uma introdução à ação essencial, à obra de Deus, ao mistério pascal de Cristo, que precisamos permitir que nos encontre, nos envolva e nos transforme. Que a mera execução de gestos externos não seja confundida com o correto envolvimento de nossos corpos no ato litúrgico. Sem excluir nada do significado e importância da ação externa que acompanha o ato interno, a Liturgia demanda muito mais do corpo humano. Requer, de fato, seu esforço total e renovado nas ações diárias da vida. Isto é o que o Santo Padre Bento XVI chama de “coerência eucarística”. Propriamente falando, o exercício oportuno e fiel de tal coerência é a expressão mais autêntica da participação, inclusive corporal, no ato litúrgico, a ação salvífica de Cristo.

Gostaria de discutir mais este ponto. Estamos realmente certos de que a promoção de uma participação ativa consiste em fazer com que tudo seja imediatamente compreensível até os mínimos detalhes? Será que o ingresso no mistério de Deus não pode ser facilitado e, algumas vezes, até melhor acompanhado por aquilo que toca principalmente as razões do coração? Não acontece, em alguns casos, que uma quantidade desproporcional de espaço é dada a um discurso vazio e trivial, esquecendo-se que pertencem à liturgia diálogo e silêncio, canto e música, imagens, símbolos e gestos? Não pertenceriam, talvez, a essa diversidade de linguagem que nos conduz ao centro do mistério e, portanto, à verdadeira participação, também a língua latina, o canto Gregoriano e a polifonia sacra?

5. A música sacra ou litúrgica.

Não há dúvidas de que uma discussão que se proponha a ser uma introdução autêntica ao espírito da liturgia não pode silenciar quanto ao assunto música sacra ou litúrgica.

Limitar-me-ei a uma breve reflexão para orientar a discussão. Poderia-se pensar por que a Igreja, através de seus documentos, mais ou menos recentes, insiste em indicar um certo tipo de música e canto como particularmente consonantes com a celebração litúrgica. Já no Concílio de Trento a Igreja interveio no conflito cultural que se desenvolvia na época, restabelecendo a norma pela qual a conformidade da música com o texto sagrado era de suma importância, limitando o uso de instrumentos e indicando uma clara distinção entre música profana e sacra. A música sacra, inclusive, não pode mais ser entendida como expressão de pura subjetividade. Ela está ancorada nos textos bíblicos ou da Tradição que devem ser cantados durante o curso da celebração. Mais recentemente, o Papa São Pio X interveio de maneira análoga, procurando remover o canto operístico da liturgia e selecionando o canto Gregoriano e a polifonia do tempo da contra-reforma Católica como o padrão para a música litúrgica, distinguindo-a assim da música religiosa em geral. O Concílio Vaticano II não fez nada além de reafirmar o mesmo padrão, assim como os documentos magisteriais mais recentes.

Por que a Igreja insiste em propor certas formas como características da música sagrada e litúrgica, fazendo-as distintas de todas as outras formas de música? Por que, também, o canto Gregoriano e a polifonia sagrada clássica se tornaram as formas exemplares, à luz das quais a música litúrgica e mesmo a popular deveriam continuar a ser produzidas hoje?

A resposta a estas questões reside precisamente naquilo que procuramos discorrer a respeito do espírito da liturgia. São propriamente aquelas formas de música – em sua santidade, bondade e universalidade – que traduzem em notas, melodias e canto o autêntico espírito litúrgico: levando à adoração do mistério celebrado, favorecendo uma participação autêntica e integral, ajudando o ouvinte a perceber o sagrado e, logo, a primazia essencial de Deus agindo em Cristo, e finalmente permitindo um desenvolvimento musical que esteja ancorado na vida da Igreja e na contemplação de seu mistério.

Permitam-me uma última citação de Joseph Ratzinger: “Gandhi destaca três espaços vitais no cosmos e mostra como cada um deles comunica seu próprio modo de ser. Os peixes vivem no mar e são silenciosos. Os animais terrestres gritam, mas os pássaros, cujo espaço vital é o céu, cantam. O silêncio é próprio do mar, gritar é próprio da terra, e cantar é próprio do céu. O homem, entretanto, participa dos três: ele leva em si a profundidade do mar, o peso da terra e a altura dos céus; é por isto que todos os três modos de ser pertencem a ele: silêncio, grito e canto. Hoje... vemos que, despojado da transcendência, tudo o que resta ao homem é gritar, porque ele deseja ser somente terra e busca transformar em terra mesmo os céus e a profundeza do mar. A verdadeira liturgia, a liturgia da comunhão dos santos, lhe restitui sua totalidade. Ela o ensina de novo como ser silencioso e como cantar, abrindo para ele as profundezas do mar e ensinando-o novamente a voar, a natureza de um anjo; elevando seu coração, faz ressoar nele mais uma vez aquela canção que tinha de certo modo adormecido. De fato, podemos mesmo dizer que a verdadeira liturgia é reconhecível especialmente quando nos liberta da forma comum de viver, e nos restaura as profundezas e as alturas, silêncio e canção. A verdadeira liturgia é reconhecível pelo fato de ser cósmica, e não feita sob medida para um grupo. Ela canta com os anjos. Ela permanece em silêncio com as profundezas do universo em espera. E desta forma ela redime o mundo.” (Cantate al Signore un canto nuovo, pp. 153-4)

Concluo. Já há alguns anos, várias vozes têm sido ouvidas dentro da Igreja falando sobre a necessidade de uma nova renovação litúrgica. De um movimento, de alguma forma análogo àquele que formou as bases para a reforma promovida pelo Concílio Vaticano II, que seja capaz de operar uma reforma da reforma, ou melhor, um passo adiante no entendimento do autêntico espírito da liturgia e de sua celebração; seu objetivo seria levar a cabo aquela providencial reforma da liturgia que os Padres conciliares iniciaram mas que nem sempre, em sua implementação prática, encontrou um cumprimento oportuno e feliz.

Não há dúvidas de que nesta nova renovação litúrgica somos nós sacerdotes que devemos recuperar um papel decisivo. Com a ajuda de Nosso Senhor e da Bem Aventurada Virgem Maria, mão de todos os sacerdotes, possa este desenvolvimento ulterior da reforma também ser o fruto de nosso sincero amor pela liturgia, em fidelidade à Igreja e ao Santo Padre.

Mons. Guido Marini
Mestre de Cerimônias das Celebrações Litúrgicas do Papa

* * *

[1] Nota do tradutor: A abside de uma igreja é a cabeceira do templo, onde fica o altar-mor. Geralmente a abside se projeta para fora do edifício de forma semi-cilíndrica e tem o remate superior geralmente em forma de semi-cúpula ou abóbada.

[2] Nota do Tradutor: o autor se refere ao recebimento da sagrada comunhão de pé e nas mãos.
Fonte: Blog Salvem a Liturgia

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Quaresma

Estamos iniciando a Quaresma, uma imprescindível preparação para a Páscoa. Este tempo nos recorda alguns eventos bíblicos da maior importância: os 40 dias do dilúvio e a necessária purificação da humanidade; 0s 400 anos em que o povo hebreu ficou escravo no Egito; os 40 anos que o povo de Deus passou no deserto até chegar à Terra Prometida; os 40 dias de Elias no deserto até chegar ao Monte do Senhor; os 40 dias que Jesus passou no deserto da Judeia, quando foi tentado pelo diabo. Sem que passe despercebido, há um fato único após cada um destes acontecimentos: o inevitável encontro com Deus, a renovação da fé, a renovação da vida. Rezo para que esta nossa Quaresma tenha o mesmo efeito em cada um dos nossos paroquianos, que seja um tempo de graça e de bênção para todos os que desejam se encontrar sinceramente com Deus.

No meu artigo da semana, escrevi sobre as tentações de Jesus no deserto, de um modo simples, é claro, mas na esperança de que seja útil para a reflexão deste domingo. Leia e, se quiser, faça o seu comentário:

“A Quaresma é um tempo de fé e de perseverança, uma experiência espiritual de fidelidade a Deus, de confiança. Mas não é um caminho fácil de andar, tantos os obstáculos e dificuldades que enfrentamos. São quarenta dias que nos recordam os atropelos da vida humana, a espreita do mal e do pecado, a tentação de viver sem Deus, mas também é um tempo de sentir a lealdade do nosso Deus e de Sabê-lo fiel ao sonho de nos ver felizes.

Neste caminho de fé, o Senhor nos dá a graça de um aprendizado que pode mudar a nossa vida de uma vez para sempre, tendo a Ele mesmo como mestre e guia. Não será um tempo só de renúncias, como alguns acreditam, mas de aquisições, de ganho real, de enriquecimento da alma, com notáveis conseqüências no corpo, na família e no trabalho.

Aprenderemos a enfrentar o mal que impera no mundo, que está ao nosso redor e também dentro de nós. Esse é, aliás, o primeiro ensinamento que o Senhor nos oferece. As três tentações de Jesus (Lc 4,1-13) são um alerta para que nós não nos indignemos apenas contra o mal que nos cerca, que vemos nos outros, nas ações destrutivas de quem parece mau por natureza. Também há um mal dentro de nós, em nossos pensamentos, em alguns costumes e atitudes, nas relações pessoais e familiares. O mal em nós é a primeira fonte do mal que está no mundo, que aparece nos jornais e na televisão. Se não tivermos cuidado, acreditaremos que isso é normal, uma espécie de autodefesa contra o mal que está nos outros. Não é verdade. É uma grosseira mentira do “pai da mentira”, que sempre nos quererá oferecer uma vida mais cômoda, espetacular, só de êxitos, recheada de poder. Foi o que ele fez com Jesus. Se ele tentou a Jesus, não pense que vai deixar você em paz.

Veja a atualidade da primeira tentação, a de tirar proveito para si mesmo de alguma situação, convertendo “pedra em pão”. Jesus poderia fazer isso, mas não deveria, e não o fez. Se tivesse feito, seria um atentado ao que Ele era. Que coisa difícil no dia a dia. Jesus nos ensina a fazê-lo: “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Ou seja, por lealdade a Deus, nem tudo o que se pode fazer deve-se, de fato, fazer, porque não é lícito, não é correto. A lealdade a Deus é o antídoto.

A segunda tentação é a de ter poderes extraordinários e de poder exibi-los, atraindo os olhares, causando inveja, dando espetáculo de autosuficiência. Ninguém quer fracassar nem parecer fracassado. Cobram-nos algum tipo de sucesso. Por isso, há sempre alguém querendo mandar, mostrar autoridade, dizendo que pode isso, pode aquilo, e subjuga os mais simples e fracos. Para ter algum tipo de poder, alguns vendem literalmente a alma ao diabo. Jesus resistiu também a esse desejo tão humano, tendo como referência o mesmo princípio, a lealdade à vontade de Deus.

A terceira tentação é a ambição do poder pelo simples gosto do poder. Esse gosto pelo poder tem, para Jesus, o mesmo sentido de idolatria, e está sujeito às mesmas penas reservadas ao culto de ídolos, que é a troca da verdadeira religião, do amor ao Deus único, por interesses megalomaníacos, paranóicos, doentios, de cunho estritamente pessoal, fazendo exatamente o que o diabo quer. A internet, hoje, se presta muito para isso, expondo vídeos, sobretudo de jovens em situações constrangedoras, e outros de coisas estranhas e inúteis, atraindo a atenção de não sei quantos milhares de pessoas, que compactuam com esse tipo de idolatria e de violência a Deus. Disso tudo devemos fugir.

As tentações, infelizmente, não estão limitadas aos três casos acima, mas abarca formas distintas e cotidianas, experimentadas por todos nós. Genericamente, é a atração pelo mal a que estamos todos sujeitos, e o impulso para cometê-lo, especialmente, mas não só, nos casos em que nos achamos ameaçados. Todo cuidado é pouco. Devemos estar sempre vigilantes e rezar, como nos pediu Jesus: Senhor, “não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”.

Boa semana a todos e boa e santa Quaresma.

*por Pe. Ronaldo Menezes

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Não podeis servir a Deus e ao dinheiro - CF 2010

Em janeiro de 2010, realizou-se em Porto Alegre (e cidades vizinhas) o Fórum Social Mundial. Nascido como uma alternativa ao Fórum Econômico de Davos, o lema que orienta seus idealizadores é a convicção de que “um outro mundo é possível”, com a economia a serviço do social. Para conhecer um pouco mais o que acontece atrás dos bastidores da his-tória, é bom saber que, enquanto o Fórum Social alcançou, aos trancos e barrancos, a sua 10ª edição, o Fórum Econômico chegou à 40ª, o que prova que o econômico preme mais que o social.

Contudo, seria grande ingenuidade negar: tudo, no mundo, gira em torno da economi-a. É ela que se oculta atrás das decisões que se tomam em encontros de chefes de Estado. Nenhum poder – nem mesmo o religioso – foge de sua influência. A maior parte dos pro-blemas que afligem as pessoas, as famílias e a sociedade nasce exatamente desta perversa inversão de valores em que o dinheiro ocupa o primeiro lugar. É assim que, enquanto uns morrem – física, psíquica e espiritualmente – porque possuem tudo o que querem, outros não sabem a que santo recorrer para fazer frente a necessidades que se tornam calamidades pela falta de recursos financeiros.

É nesta realidade que se insere a Campanha da Fraternidade de 2010, desta vez orga-nizada e assumida não apenas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, mas pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil, formado por seis confissões religiosas: Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Cristã Reformada, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Sírio-Ortodoxa do Brasil e Igreja Presbiteriana Unida.

O tema escolhido é “Economia e Vida”, e o lema: “Não podeis servir a Deus e ao di-nheiro”. O objetivo da Campanha é conscientizar a sociedade sobre um dos aspectos mais importantes de sua organização, não apenas para a manutenção da ordem, da justiça e da paz, mas até mesmo para a própria sobrevivência da humanidade. Numa palavra, trata-se de colocar a economia no seu devido lugar, a serviço do verdadeiro desenvolvimento, onde a pessoa esteja no centro, e a riqueza – que é sempre fruto do trabalho de todos – tenha como finalidade o bem-comum. Quando isso não acontece, ela acaba nas mãos dos mais fortes – senão dos mais corruptos –, jogando na miséria um número cada vez maior de pessoas, de famílias, de empresas e de nações.
Em relação à sua doutrina social, a Igreja Católica sofreu uma forte guinada a partir da “Rerum Novarum” de Leão XIII, publicada a 15 de maio de 1891, guinada que se acentuou nos anos que se seguiram. De fato, em sua Carta Encíclica “Caritas in Veritate”, de 29 de junho de 2009, Bento XVI já fala de “democracia econômica”: «A vida econômica deve ser entendida como uma realidade de várias dimensões. Em todas deve estar presente, embora em medida diversa e com modalidades específicas, o aspecto da reciprocidade fraterna. Na época da globalização, a atividade econômica não pode prescindir da gratuidade, que difunde e alimenta a solidariedade e a responsabilidade pela justiça e o bem comum em seus diversos sujeitos e atores. Trata-se, em última análise, de uma forma concreta e profunda de democracia econômica. A solidariedade exige que todos se sintam responsáveis por todos, e não pode ser delegada apenas ao Estado»

Em suma, uma economia à medida do homem e do planeta, que não pode prescindir da parcimônia e da frugalidade, como propugnava, há mais de três décadas, Albert Tévoéd-jré em sua famosa obra: “A Pobreza, Riqueza dos Povos”. É nesse sentido que permanece atual a crítica que Cristóvam Buarque dirige à burguesia do Brasil: «Os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, sequestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não dormem tranquilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas».

Pelo instinto de sobrevivência que o domina, o ser humano é capitalista por natureza, sempre propenso a acumular, somar e multiplicar. Mas, se não aprender a dividir e partilhar, perderá a única riqueza capaz de libertá-lo, promovê-lo e realizá-lo, e o “outro mundo pos-sível” ficará para as calendas gregas!

Dom Redovino Rizzardo
Fonte: Site da Conferência Nacional dos Bispo do Brasil

Histórica Visita do Papa João Paulo II

Os Dias 8 e 9 de julho de 1980 marcaram de modo indelével a memória do povo paraense, e tal fato não poderia ser diferente, nossa cidade marcada deste sua “descoberta” e expansão sob o signo da Cruz de Cristo, passava a ver esta mesma cruz ostentada no peito pelo seu vigário na terra. O Forte do Presépio nos tempos de nossa descoberta perece que profetizava que assim como os pastores acorreram a Belém para encontrar Jesus na manjedoura, do mesmo modo nosso grande pastor na Terra acorreria a nossa cidade escutando e atendo ao apelo de vir a Belém. Deste modo, vou disponibilizar fotos deste inesquecível momento, para que mesmo aqueles que ainda não tivessem nascido nesta época, possam de algum modo viver as alegrias que tal acontecimento impar trouxe para nossa cidade.
















Entrando no automóvel após a recepção no Aeroporto


Missa na Av. 1 de Dezembro (Atual Av. João Paulo II)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Bondade

Tenho diante dos olhos a parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37). É uma história, entre outras coisas, sobre a bondade. Talvez ela responda à pergunta: “Vale a pena ser bom?” Ou esta outra: “Quando devo ser bom?”. São perguntas muito atuais, que nos colocam em xeque, porque a vontade que dá, às vezes, é de ser mau. O mal impera e os maus, como vampiros, nos sugam as energias e nos vampirizam de verdade, ou seja, nos atraem como que naturalmente para o caminho deles. É o que eles querem: que sejamos iguais a eles, maus, insensíveis, ruins, manipuladores de vida e de emoções. Isso parece proveitoso e fácil de fazer, mas é um caminho sem volta. Muito cuidado.
O remédio contra essa tentação é um reencontrar-se com a bondade, proposta por Nosso Senhor. A leitura desta parábola nos ajudará a não fitar o mal com o coração (há sempre o perigo de contaminação), mas a desviar-nos do caminho dos ímpios. Com o mal, nem com os maus, não se deve fazer nenhum tipo de pacto ou concessão.
O cenário da parábola é de todos conhecido. Um homem desce os 27 km de Jerusalém a Jericó, em meio ao temor e ao medo. Os assaltos são comuns. Carrega em sua bagagem minguados pertences e um pouco de óleo e vinho. Não deve ter ido a Jerusalém para adorar a Deus. Um samaritano não faria isso; ele preferiria ir ao monte Garizim, onde os patriarcas haviam feito os seus sacrifícios. Viu um homem caído ao chão. Poderia ter desviado, como o fizeram os dois primeiros viajantes, religiosos, mas não o fez. Não o preocupava a pureza física. O coração falava mais alto. Parou. Não importava quem era. Parou, deu atenção, cuidou, gastou tempo, “perdeu tempo” com ele, levou-o a um lugar seguro. Não usou a religião para se desculpar da obrigação da caridade. Fez o que deveria fazer, porque a caridade anda sozinha, e não praticá-la seria um violentar-se, um fazer-se mal. A caridade é sempre pioneira. O amor tem sempre a primeira palavra.
O samaritano nos ensina que é impossível amar todos os homens. Quem diz que ama todos os homens não ama ninguém. É preciso amar os que estão ao alcance das mãos, os que o Senhor coloca em nossos caminhos, em nossa vida. É esse gesto que está à altura de Cristo, e não os que ficam apenas na intenção. Não ama quem idealiza. Ama quem reconhece no outro a grandeza que não necessita de justificativa nem de explicação para fazer algo bom. O amor não precisa de um por que. Se precisasse, não seria amor, mas interesse. O amor é desinteressado, diz são Paulo. Ama-se apenas porque se ama. Isso basta. Essa regra vale para todas as dimensões da vida. Algumas pessoas sofrem por amor porque sempre esperam alguma retribuição, uma recompensa, uma compensação, como se amar diminuísse o que se tem. Ao contrário, quem ama sempre tem a mais. Essa é a lição do samaritano. Os dois que não pararam, por medo de amar, eles, sim, perderam. Quem não ama sempre perde, e jamais recupera. Amar nunca é pensar em fazer, mas fazer, e fazer algo para o bem do outro, mesmo que o outro não saiba, ou não reconheça.
*por Pe. Ronaldo Menezes

Biografia de Sua Santidade o Papa Bento XVI

Sua Santidade o Papa Bento XVI, nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e foi baptizado no mesmo dia. O seu pai, comissário da polícia, provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas condições económicas. A sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar trabalhara como cozinheira em vários hotéis.

Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilómetros de Salisburgo. Foi neste ambiente, por ele próprio definido «mozarteano», que recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.

O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Joseph viu os nazistas açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa.

Precisamente nesta complexa situação, descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo; fundamental para ele foi a conduta da sua família, que sempre deu um claro testemunho de bondade e esperança, radicada numa conscienciosa pertença à Igreja.

Nos últimos meses da II Guerra Mundial, foi arrolado nos serviços auxiliares anti-aéreos.

Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de Junho de 1951.

Um ano depois, começou a sua actividade de professor na Escola Superior de Freising.

No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese «Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho». Passados quatro anos, sob a direcção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre «A teologia da história em São Boaventura».

Depois de desempenhar o cargo de professor de teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising, continuou a docência em Bonn, de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a 1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969. A partir deste ano de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor da Universidade.

De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao Concílio Vaticano II como «perito»; viera como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colônia.

A sua intensa actividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.

Em 25 de Março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. A 28 de Maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Foi o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que assumiu o governo pastoral da grande arquidiocese bávara. Escolheu como lema episcopal: «Colaborador da verdade»; assim o explicou ele mesmo: «Parecia-me, por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar – embora com modalidades diferentes –, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi este lema porque, no mundo actual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade».

Paulo VI criou-o Cardeal, do título presbiteral de “Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de Junho desse mesmo ano.

Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de Agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu Enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guayaquil (Equador) de 16 a 24 de Setembro. No mês de Outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.

Foi Relator na V Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada em 1980, que tinha como tema «Missão da família cristã no mundo contemporâneo», e Presidente Delegado da VI Assembleia Geral Ordinária, celebrada em 1983, sobre «A reconciliação e a penitência na missão da Igreja».

João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de Novembro de 1981. No dia 15 de Fevereiro de 1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. O Papa elevou-o à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de Velletri-Segni, em 5 de Abril de 1993.

Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.

A 6 de Novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de Novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.

Em 1999, foi como Enviado especial do Papa às celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, Alemanha, que tiveram lugar a 3 de Janeiro.

Desde 13 de Novembro de 2000, era Membro honorário da Academia Pontifícia das Ciências.

Na Cúria Romana, foi Membro do Conselho da Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das Congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero, e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Signatura Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, «Ecclesia Dei», para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canónico, e para a revisão do Código de Direito Canónico Oriental.

Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro «Introdução ao Cristianismo», uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro «Dogma e Revelação» (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.

Grande ressonância teve a conferência que pronunciou perante a Academia Católica Bávara sobre o tema «Por que continuo ainda na Igreja?»; com a sua habitual clareza, afirmou então: «Só na Igreja é possível ser cristão, não ao lado da Igreja». No decurso dos anos, continuou abundante a série das suas publicações, constituindo um ponto de referência para muitas pessoas, especialmente para os que queriam entrar em profundidade no estudo da teologia. Em 1985 publicou o livro-entrevista «Relatório sobre a Fé» e, em 1996, «O sal da terra». E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro «Na escola da verdade», onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores.

Recebeu numerosos doutoramentos «honoris causa»: pelo College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; pela Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; pela Universidade Católica de Lima, em 1986; pela Universidade Católica de Lublin, em 1988; pela Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; pela Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999; pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polónia) no ano 2000.

Fonte: Site da Santa Sé

Palavra de Sua Santidade - Mensagem Para Quaresma de 2010

A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3, 21–22 )

Queridos irmãos e irmãs,

todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida á luz dos ensinamentos evangélicos . Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21 – 22 ).

Justiça: “dare cuique suum”

Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “suo” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado á sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos á morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos - , mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nora Santo Agostinho: se “ a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu…não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21).

De onde vem a injustiça?

O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reacções dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingénua e míope. A injustiça, fruto do mal , não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista:”Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram á lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição ; á lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza. Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?

Justiça e Sedaqah

No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que “levanta do pó o indigente (Sl 113,7) e justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem. De facto sedaqah significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e á viúva ( cfr Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egipto (cfr Ex s,8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre ( cfr.Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro ( cfr Ex 22,20), o escravo ( cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto – suficiência , daquele estado profundo de fecho, que á a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efectuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente a realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?

Cristo, justiça de Deus

O anuncio cristão responde positivamente á sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “ Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De facto não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vitima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé” (3,21-25)

Qual é portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O facto de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal 3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objecção: que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico , mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.

Compreende-se então como a fé não é um facto natural, cómodo, obvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia. Graças á acção de Cristo, nós podemos entrar na justiça “ maior”, que é aquela do amor ( cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.

Precisamente fortalecido por esta experiencia, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.

Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo de coração, a Bênção Apostólica.

Vaticano, 30 de Outubro de 2009

BENEDICTUS PP. XVI
Fonte: Site da Santa Sé

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Reunião de Abertura do Semestre - Convite

Com grande empenho iniciamos mais um ano de formação e serviço ao Altar de Deus em nossa Paróquia da Santíssima Trindade. Para que tal desejo se cumpra com êxito e para que de maior modo possa evidenciar-se nosso amor para com Jesus Sacramentado, iniciaremos este semestre adorando-o no dia 13 de Fevereiro de 2010 no Auditório São Pedro (Auditório do Centro Social Mons. Geraldo Menezes) às 15h. Para tal adoração gostaríamos de contar com vossas estimadas presenças.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Calendário de Reuniões - 1° Semestre 2010

13/02 - Reunião de abertura do semestre - Adoração ao SS. Sacramento

20/02 - A Quaresma - “A Quaresma, é totalmente orientada para o mistério da redenção, é definida caminho de verdadeira conversão” (Bento XVI)

27/02 - Tema Livre

06/03 - A Sagrada Escritura - “O Justo medita a sabedoria e sua palavra ensina a justiça, pois trás no coração a lei de seu Deus.” (Salmo 36, 30-31)

13/03 - As Alianças - “O homem é chamado, por graça, a uma aliança com seu Criador, a lhe oferecer uma resposta de fé e de amor” (CIC 357)

20/03 - O Mistério Pascal - “Na ultima ceia, ele antecipou a morte e transformou-a no dom de si mesmo. A sua comunhão existencial com Deus era, em concreto, uma comunhão existencial com o amor de Deus, e este amor é a verdadeira força contra a morte, é mais forte do que a morte. A ressurreição foi como uma explosão de luz, uma explosão do amor.”(Bento XVI)

27/03 - Ensaio para o Tríduo Pascal

03/04 - Vigília Pascal

10/04 - Confraternização de Páscoa

17/04 - Os Milagres - “Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados das provas exteriores da sua revelação. Por isso, os milagres de Cristo e dos santos (...) constituem sinais certíssimos da revelação, adaptados à inteligência de todos (CIC 156)

24/04 - Tema Livre

08/05 - A Virgem Maria -“Se Cristo se preocupava com os outros e não descurava nada para que tivessem dele uma opinião adequada, com maior razão devia-se comportar assim como sua mãe” (São João Crisóstomo)


15/05 - O Pentecostes - “O povo de Deus, que tinha encontrado no Sinai a sua primeira configuração, hoje é ampliado a ponto de não conhecer qualquer fronteira de raça, cultura, espaço ou tempo. O Espírito Santo, torna os corações capazes de compreender as línguas de todos, porque estabelece a ponte da comunicação autêntica entre o céu e a terra.” (Bento XVI)

22/05 - O Deus Uno e Trino - “Com vosso Filho único e com o Espírito Santo, sois um só Deus e um só Senhor, não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Nós atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo tudo que revelastes e cremos a respeito da vossa glória. E, proclamando que sois o Deus eterno e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma natureza e igual majestade.”(Prefácio da SS. Trindade)

05/06 - A Santíssima Eucaristia - “Na humilde aparência da hóstia, de um pedacinho de pão, Ele se doa a nós.”(Bento XVI)

12/06 - Os Santos de Deus - “Na assembléia dos Santos Vós sois glorificado porque, coroando seus méritos, exaltais vossos dons. Nos vossos santos ofereceis um exemplo para nossas vidas, a comunhão que nos une a interseção que nos ajuda. Assistidos por tantas testemunhas, possamos correr com perseverança no certame que nos és proposto,e receber com eles a coroa imperecível. (Prefácio dos Santos, I)

19/09 - São Pedro e São Paulo: as colunas da Igreja - “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo anunciou a vossa doutrina manifestando às nações o Evangelho da Salvação. Ambos, por meios diferentes, reuniram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem por toda a terra igual veneração” (Prefácio)

26/06 - Tema Livre