Este Blog é voltado especialmente para a formação dos Servidores do Altar da Paróquia da SS. Trindade da Arquidiocese de Belém, bem como para todos aqueles que amam a Santa Madre Igreja Católica e sua Sacratíssima Liturgia.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Bondade

Tenho diante dos olhos a parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37). É uma história, entre outras coisas, sobre a bondade. Talvez ela responda à pergunta: “Vale a pena ser bom?” Ou esta outra: “Quando devo ser bom?”. São perguntas muito atuais, que nos colocam em xeque, porque a vontade que dá, às vezes, é de ser mau. O mal impera e os maus, como vampiros, nos sugam as energias e nos vampirizam de verdade, ou seja, nos atraem como que naturalmente para o caminho deles. É o que eles querem: que sejamos iguais a eles, maus, insensíveis, ruins, manipuladores de vida e de emoções. Isso parece proveitoso e fácil de fazer, mas é um caminho sem volta. Muito cuidado.
O remédio contra essa tentação é um reencontrar-se com a bondade, proposta por Nosso Senhor. A leitura desta parábola nos ajudará a não fitar o mal com o coração (há sempre o perigo de contaminação), mas a desviar-nos do caminho dos ímpios. Com o mal, nem com os maus, não se deve fazer nenhum tipo de pacto ou concessão.
O cenário da parábola é de todos conhecido. Um homem desce os 27 km de Jerusalém a Jericó, em meio ao temor e ao medo. Os assaltos são comuns. Carrega em sua bagagem minguados pertences e um pouco de óleo e vinho. Não deve ter ido a Jerusalém para adorar a Deus. Um samaritano não faria isso; ele preferiria ir ao monte Garizim, onde os patriarcas haviam feito os seus sacrifícios. Viu um homem caído ao chão. Poderia ter desviado, como o fizeram os dois primeiros viajantes, religiosos, mas não o fez. Não o preocupava a pureza física. O coração falava mais alto. Parou. Não importava quem era. Parou, deu atenção, cuidou, gastou tempo, “perdeu tempo” com ele, levou-o a um lugar seguro. Não usou a religião para se desculpar da obrigação da caridade. Fez o que deveria fazer, porque a caridade anda sozinha, e não praticá-la seria um violentar-se, um fazer-se mal. A caridade é sempre pioneira. O amor tem sempre a primeira palavra.
O samaritano nos ensina que é impossível amar todos os homens. Quem diz que ama todos os homens não ama ninguém. É preciso amar os que estão ao alcance das mãos, os que o Senhor coloca em nossos caminhos, em nossa vida. É esse gesto que está à altura de Cristo, e não os que ficam apenas na intenção. Não ama quem idealiza. Ama quem reconhece no outro a grandeza que não necessita de justificativa nem de explicação para fazer algo bom. O amor não precisa de um por que. Se precisasse, não seria amor, mas interesse. O amor é desinteressado, diz são Paulo. Ama-se apenas porque se ama. Isso basta. Essa regra vale para todas as dimensões da vida. Algumas pessoas sofrem por amor porque sempre esperam alguma retribuição, uma recompensa, uma compensação, como se amar diminuísse o que se tem. Ao contrário, quem ama sempre tem a mais. Essa é a lição do samaritano. Os dois que não pararam, por medo de amar, eles, sim, perderam. Quem não ama sempre perde, e jamais recupera. Amar nunca é pensar em fazer, mas fazer, e fazer algo para o bem do outro, mesmo que o outro não saiba, ou não reconheça.
*por Pe. Ronaldo Menezes

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